Jorge
Amado
Avô, mesmo que a gente morra, é melhor morrer de repetição na mão, brigando com o coronel, que morrer em cima da terra, debaixo de relho, sem reagir. Mesmo que seja pra morrer nós deve dividir essas terras, tomar elas para gente. Mesmo que seja um dia só que a gente tenha elas, paga a pena de morrer".
(Os Subterrâneos da Liberdade - Agonia da Noite)
Filho de João Amado de Faria e de D. Eulália Leal, Jorge Amado de Faria nasceu no dia 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia, em Ferradas, distrito de Itabuna - Bahia. O casal teve mais três filhos: Jofre (1915), Joelson (1920) e James (1922).
Com apenas dez meses, vê seu pai ser ferido numa tocaia dentro de sua própria fazenda. No ano seguinte uma epidemia de varíola obriga a família a deixar a fazenda e se estabelecer em Ilhéus. Em 1917 a família muda-se para a Fazenda Taranga, em Itajuípe, onde seu pai volta à lida na lavoura de cacau.
Em
1918, já alfabetizado por sua mãe, Jorge retorna a Ilhéus e
passa a freqüentar a escola de D. Guilhermina, professora que não
hesitava usar a palmatória e impor outros castigos a seus alunos. No
ano de 1922 cria um jornalzinho, "A Luneta", que é
distribuído para vizinhos e parentes. Nessa época vai estudar
em Salvador, em regime de internato, no Colégio Antonio Vieira, de
padres jesuítas.
A bela redação que apresentou ao padre Luiz Gonzaga Cabral, com o título de "O Mar", lhe rende elogios e faz com que o religioso passe a lhe emprestar livros de autores portugueses e de outras partes do mundo. Dois anos depois, seu pai vai levá-lo até o colégio após as férias. Despedem-se e Jorge, ao invés de entrar nele, foge. Viaja por dois meses até chegar à casa de seu avô paterno, José Amado, em Itaporanga, no Sergipe. A pedido de seu pai, seu tio Álvaro o leva de volta para a fazenda em Itajuípe.
A bela redação que apresentou ao padre Luiz Gonzaga Cabral, com o título de "O Mar", lhe rende elogios e faz com que o religioso passe a lhe emprestar livros de autores portugueses e de outras partes do mundo. Dois anos depois, seu pai vai levá-lo até o colégio após as férias. Despedem-se e Jorge, ao invés de entrar nele, foge. Viaja por dois meses até chegar à casa de seu avô paterno, José Amado, em Itaporanga, no Sergipe. A pedido de seu pai, seu tio Álvaro o leva de volta para a fazenda em Itajuípe.
É
matriculado no Ginásio Ipiranga, novamente como interno. Conhece
Adonias Filho e dirige o jornal do grêmio da escola, "A
Pátria". Pouco tempo depois funda "A Folha",
que fazia oposição ao primeiro. No ano de 1927, passa para o
regime de externato e vai morar num casarão no
Pelourinho. Emprega-se como repórter policial no "Diário
da Bahia". Pouco depois vai para o jornal "O
Imparcial". Uma poesia de sua autoria, "Poema
ou prosa", é publicada na revista "A Luva". Conhece
o pai-de-santo Procópio, que o nomeará ogã (protetor), o primeiro
de seus muitos títulos no candomblé.
Reúnem-se
em torno do experimentado jornalista e poeta Pinheiro da Veiga os
integrantes da Academia dos Rebeldes, grupo literário do qual, além
de Jorge, faziam parte Clóvis Amorim, Guilherme Dias Gomes,
João Cordeiro, Alves Ribeiro, Edison Carneiro, Aydano do Couto
Ferraz, Emanuel Assemany, Sosígenes Costa e Walter da Silveira. A
Academia fazia oposição ao grupo Arco & Flexa e pregava, no
dizer de Jorge Amado, "uma arte moderna sem ser
modernista". Os trabalhos de seus integrantes são
publicados nas revistas "Meridiano" e "O
Momento", ambas fundadas por eles.
Em
1929, começa a trabalhar em “O Jornal” onde publica, sob o
pseudônimo de Y. Karl, a novela "Lenita", escrita
em parceria com Dias da Costa e Edison Carneiro, que assinavam como
Glauter Duval e Juan Pablo.
No
ano seguinte transfere-se para o Rio de Janeiro para estudar. Conhece
Vinicius de Moraes, Otávio de Faria e outros nomes importantes da
literatura. "Lenita" é editada em livro por A.
Coelho Branco Filho, do Rio de Janeiro.
Aprovado,
entre os primeiros colocados, na Faculdade de Direito da Universidade
do Rio de Janeiro, em 1931, Jorge vê publicado pela
Editora Schmidt seu primeiro romance, "O país do carnaval",
com prefácio de Augusto Frederico Schmidt e tiragem de mil
exemplares. O livro recebe elogios dos críticos e torna-se um
sucesso de público.
No
ano de 1932, muda-se para um apartamento em Ipanema com o poeta Raul
Bopp. Conhece José Américo de Almeida, Amando Fontes, Rachel de
Queiroz (através de quem se aproxima dos comunistas) e Gilberto
Freyre. Sai a segunda edição de "O país do carnaval",
desta vez com tiragem de dois mil exemplares. Aconselhado por Otávio
de Faria e Gastão Cruls, desiste de publicar o romance "Rui
Barbosa nº. 2"; para eles, o livro não passava de uma
cópia de "O país do carnaval". Viaja para Pirangi,
na Bahia; impressionado com a vida dos trabalhadores da região,
começa a escrever "Cacau".
A
Ariel Editora, do Rio, em 1933, publica "Cacau", com
tiragem de dois mil exemplares e capa e ilustrações de Santa Rosa.
O livro esgota-se em um mês; a segunda edição sai com três mil
exemplares. Entre a primeira e a segunda edição de Cacau, Jorge
tem acesso, através de José Américo de Almeida, aos originais de
"Caetés", romance de Graciliano Ramos. Empolgado
com o talento do escritor alagoano, viaja para Maceió só para
conhecê-lo, iniciando uma amizade que duraria até a morte de
Graciliano. Conhece também José Lins do Rego, Aurélio Buarque de
Holanda e Jorge de Lima. Torna-se redatorchefe da revista "Rio
Magazine". Casa-se em dezembro, em Estância, Sergipe, com
Matilde Garcia Rosa. Juntos, eles lançam, pela Schmidt, o livro
infantil Descoberta do mundo.
Em
1934, publica — também pela Ariel — o romance "Suor".
Trabalha na Livraria José Olympio Editora, do Rio de janeiro,
primeiro escrevendo releases e depois na parte editorial
propriamente dita; tendo influenciado na publicação de "O
conde e o passarinho", primeiro livro de Rubem Braga, e no
lançamento de autores latino-americanos como o uruguaio Enrique
Amorim, o equatoriano Jorge Icaza, o peruano Ciro Alegría e o
venezuelano Rómulo Gallegos (de quem traduziu o romance "Dona
Bárbara").
Nasce
sua filha Eulália Dalila Amado, em 1935. Escreve em "A
Manhã", jornal da Aliança Nacional Libertadora, pelo qual
cobre a viagem do presidente Getúlio Vargas ao Uruguai e à
Argentina. "Cacau" é publicado pela Editorial
Claridad, de Buenos Aires. Neste mesmo ano "Cacau" e
"Suor" seriam lançados em Moscou. Conclui o curso
de Direito. Lança "Jubiabá" pela José Olympio
Editora.
Sofre
sua primeira prisão em 1936, por motivos políticos: acusado de
participar do levante ocorrido em novembro do ano anterior em Natal —
chamado de "Intentona Comunista” — é detido no Rio. Publica
“Mar morto”, que recebe o Prêmio Graça Aranha, da
Academia Brasileira de Letras.
No
ano seguinte faz papel de pescador no filme “Itapuã”, de Ruy
Santos, no qual também colabora com o argumento. Viaja pela América
Latina e depois vai aos Estados Unidos. Enquanto está fora, sai no
Brasil “Capitães da areia”. Quando chega a Belém, vindo
do exterior, é avisado pelo escritor paraense Dalcídio Jurandir do
golpe de Vargas. Foge para Manaus, mas lá é preso. Seus livros,
considerados subversivos, são queimados em plena Salvador por
determinação da Sexta Região Militar. Segundo as atas militares,
foram queimados 1.694 exemplares de "O país do carnaval",
"Cacau", "Suor", "Jubiabá",
"Mar morto" e "Capitães da areia".
Liberto,
em 1938, o escritor é mandado para o Rio. Muda-se para São Paulo,
onde reside com Rubem Braga. Depois vai para a Bahia e em seguida,
Sergipe; aqui imprime uma pequena edição do livro de poemas “A
estrada do mar”, que distribui para os amigos. Estréia em dois
consagrados idiomas literários do Ocidente: "Suor "
sai em inglês pela pequena New America, de Nova York, e "Jubiabá"
em francês pela prestigiosa Gallimard.
Retorna
ao Rio no ano de 1939. Exerce intensa atividade política, em
decorrência das torturas de presos e a desarticulação do Partido
Comunista. Torna-se redator-chefe das revistas Dom Casmurro e
Diretrizes. Inicia colaboração com a revista Vamos ler;
que manterá até 1941. Compõe, com Dorival Caymmi e Carlos Lacerda,
a serenata "Beijos pela noite". O escritor
franco-argelino Albert Camus, futuro Nobel de Literatura (1957),
escreve artigo no jornal Alger Républicain classificando
"Jubiabá" de "magnífico e assombroso".
Diretrizes
publica o primeiro capítulo de "ABC de Castro Alves",
em 1940, e edita também, em forma de folhetim, a novela "Brandão
entre o mar e o amor", iniciada por Jorge Amado e continuada
por José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Aníbal Machado e Rachel de
Queiroz. Trabalha no jornal Meio-Dia.
Decide
escrever, em 1941, um livro sobre Luís Carlos Prestes, pensando numa
possível campanha por sua anistia. Viaja para o Uruguai a fim de
recolher material; também faz pesquisas sobre o tema na Argentina.
Lança "ABC de Castro Alves", pela Livraria Martins
Editora, de São Paulo.
Publica
em Buenos Aires "A vida de Luís Carlos Prestes", em 1942.
Embora editado em espanhol, o livro é vendido clandestinamente no
Brasil. Volta ao país, mas é preso ao desembarcar em Porto Alegre.
De lá é enviado para o Rio. Não permanece, porém, na então
capital federal: a polícia decide despachá-lo para Salvador, onde
fica confinado.
1943
marca sua volta às páginas de O Imparcial assinando a seção
"Hora da guerra" e escrevendo pequenas histórias na
coluna "José, o ingênuo", que reveza com o
jornalista e escritor baiano Wilson Lins. Sai "Terras do sem
fim", seu primeiro livro a ser vendido livremente após seis
anos de censura.
Em
1944, a pedido de Bibi Ferreira escreve a peça "O amor
de Castro Alves", mas a companhia teatral da atriz é
desfeita antes da encenação. Lança "São Jorge dos
Ilhéus". Desquita-se de Matilde.
Participa,
em janeiro de 1945, na condição de chefe da delegação baiana, do
I Congresso de Escritores, em São Paulo. O encontro termina com uma
manifestação contra o Estado Novo. Jorge é preso por um
breve período juntamente com Caio Prado Jr. O Barão de Itararé
apresenta o romancista a Zélia Gattai na Boate Bambu, durante jantar
em homenagem aos participantes do Congresso de Escritores. Passa a
viver em São Paulo, onde chefia a redação do jornal Hoje,
do Partido Comunista Brasileiro. Escreve também na Folha da Manhã.
Torna-se secretário do Instituto Cultural Brasil-URSS, cujo diretor
era Monteiro Lobato. Sai no Brasil "A vida de Luís Carlos
Prestes", rebatizado de "O cavaleiro da esperança".
Em julho, passa a viver com Zélia. No mesmo mês participa, ao lado
do poeta chileno Pablo Neruda (que em 1971 ganharia o Nobel de
Literatura), do comício de Luís Carlos Prestes no Estádio do
Pacaembu, em São Paulo. Lança "Bahia de Todos os Santos".
É eleito, com 15.315 votos, deputado federal pelo PCB. Publica o
conto "História de carnaval" na revista O
Cruzeiro. "Terras do sem fim" sai pela
respeitada editora A. Knopf, de Nova York.
No
ano seguinte assume o mandato na Assembléia Constituinte e passa a
residir no Rio de Janeiro. Várias de suas emendas, como a da
liberdade de culto religioso e a que dispõe sobre direitos autorais,
são aprovadas. Lança "Seara vermelha", pela
Martins e, pela Edições Horizonte, do Rio de Janeiro, "Homens
e coisas do Partido Comunista". Entusiasmado com a leitura
de "Jubiabá", chega à Bahia o fotógrafo e
etnólogo francês Pierre Verger, que acabaria se radicando em
Salvador e se tornando um dos amigos mais íntimos de Jorge Amado.
Publica,
em 1947, pela Editora do Povo, do Rio de Janeiro, "O amor de
Castro Alves". É um ano de vários acontecimentos na área
do cinema para o escritor: a Atlântida compra os direitos de "Terras
do sem fim"; ele escreve os diálogos do filme "O
cavalo número 13", uma produção de Fernando de Barros e
ainda o argumento de "Estrela da manhã", que seria
dirigido por Mário Peixoto, encarregado também do roteiro (o filme
acabou sendo feito, mas não por Peixoto). Nasce, no Rio de Janeiro,
o filho João Jorge.
Com
o cancelamento, em janeiro de 1948, do registro do Partido Comunista,
o mandato de Jorge Amado é cassado. Sem assento na Câmara
Federal e tendo seus livros considerados como "material
subversivo", o escritor, ainda no mês de janeiro, parte sozinho
em exílio voluntário para Paris. Em fevereiro, sua casa no Rio é
invadida por agentes federais, que apreendem livros, fotos e
documentos. Logo após o episódio, Zélia e o filho partem para
Gênova, Itália, onde Jorge os apanha, levando-os a residir com ele
em Paris. É nesta ocasião que o escritor trava amizade com
Jean-Paul Sartre, Picasso e outros expoentes da literatura e da arte
mundial. Na Polônia, participa do Congresso Mundial de Escritores e
Artistas pela Paz. Com o título de "Terras violentas",
estréia no Rio a adaptação da Atlântida do romance "Terras
do sem fim". Para comemorar o primeiro aniversário do
filho, escreve a história "O gato Malhado e a andorinha
Sinhá". Viaja pela Europa e União Soviética.
Em
1949, dirigindo-se para a Tchecoslováquia, onde participaria de um
congresso de escritores, sofre um acidente de avião na cidade de
Frankfurt, Alemanha; escapa ileso. Morre no Rio, "de repente",
conforme conta o escritor, sua filha Eulália.
Por
motivos políticos, em 1950, o governo francês expulsa Jorge
Amado e sua família do país. O escritor, Zélia e João Jorge
passam a residir em Dobris, Tchecoslováquia, no castelo da União
dos Escritores. Realiza viagens políticas pela Europa Central e
União Soviética. Escreve "O mundo da paz", livro
sobre os países socialistas.
No
ano seguinte escreve o romance tripartido "Os subterrâneos
da liberdade" (Os ásperos tempos, Agonia da noite e
A luz no túnel). Sai no Brasil, pela Editorial Vitória, do
Rio, o livro "O mundo da paz" pelo qual Jorge
Amado seria processado e enquadrado na lei de segurança. Nasce
em Praga sua filha Paloma. Recebe, em Moscou, o Prêmio Internacional
Stalin.
Vai
à China e à Mongólia, em 1952. Volta ao Brasil com a família
fixando residência no apartamento de seu pai, no Rio de Janeiro.
Responde ao processo por "O mundo da paz". O juiz
responsável pelo caso arquiva o processo, dizendo que o livro "é
sectário e não subversivo". Com a aprovação, nos Estados
Unidos, da lei anticomunista, o escritor é proibido de entrar
naquele país; seus livros também são vetados por lá.
Viaja
à Europa, Argentina e Chile, em 1953. Na última etapa do giro, é
informado sobre a doença de Graciliano Ramos. Volta ao Brasil para
rever o amigo, que acabaria morrendo em seguida. Jorge Amado
faz então o discurso de despedida à beira do túmulo de Graciliano,
a quem substitui na presidência da Associação Brasileira de
Escritores. Dirige a coleção "Romances do povo",
da Editorial Vitória; acabará fazendo este trabalho até 1956. Sai
a quinta edição de "O mundo da paz"; o escritor
proíbe reedições da obra, por acreditar que o livro "trazia
uma visão desatualizada da realidade dos países socialistas".
O
romance "Os subterrâneos da liberdade" é lançado
em três volumes, em 1954. A trilogia provoca uma dura reação dos
trotskistas brasileiros, gerando polêmica com o jornalista Hermínio
Sacchetta (o "Abelardo Saquilá" do romance). Sai em
Portugal, pela Editorial Avante, um folheto de seis páginas assinado
por Jorge Amado e Pablo Neruda, cujo objetivo era contribuir para a
libertação do líder comunista Álvaro Cunhal e marcar posição
contra o salazarismo.
De
janeiro a março de 1955, permanece em Viena. Em dezembro faz rápida
viagem à Bahia.
É
lançada, pela Ricordi brasileira, em 1956, a partitura de "Não
te digo adeus", com letra de Jorge Amado e música do músico
e maestro amazonense Cláudio Santoro. Assume no Rio a chefia de
redação do quinzenário Para-todos, ao lado do irmão James,
de Oscar Niemeyer e Moacir Werneck de Castro, dentre outros. Sai do
Partido Comunista, segundo explica, "porque queria voltar a
escrever". Jorge Amado diz que sabia desde 1954 das
atrocidades de Stalin, denunciadas publicamente neste ano no XX
Congresso do PCUS. "Mas na realidade deixei de militar
politicamente porque esse engajamento estava me impedindo de ser
escritor", afirma.
Viaja
ao Oriente ao lado de Zélia, Pablo e Matilde Neruda, em 1957.
"Terras do sem fim" é lançado em quadrinhos. Carlo
Ponti, cineasta italiano, compra os direitos de "Mar morto";
mas o filme não chega a ser realizado. Conhece a mãe-de-santo
Menininha do Gantois, a quem ficaria ligado até a morte dela,
ocorrida em agosto de 1986.
Na
tranqüilidade de Petrópolis, em 1958, escreve "Gabriela,
cravo e canela". O livro, publicado em agosto, esgota 20 mil
exemplares em apenas duas semanas; até dezembro venderia mais de 50
mil exemplares. Sai o disco "Canto de amor à Bahia e quatro
acalantos de Gabriela, cravo e canela", trazendo leituras de
Jorge Amado e música de Dorival Caymmi.
No
ano seguinte, "Gabriela" coleciona prêmios: Machado
de Assis, do Instituto Nacional do Livro; Jabuti, da Câmara
Brasileira do Livro e Luiza Cláudio de Souza, do Pen Club, são
alguns deles. O romance ultrapassa a casa dos 100 mil exemplares
vendidos. Recebe em Salvador, do Axé Opô Afonjá, um dos mais altos
títulos do candomblé, o de obá orolu (também receberam tal
distinção o compositor Dorival Caymmi e o artista plástico
Carybé). "Obá, no sentido primitivo, é um dos doze ministros
de Xangô", explica Jorge Amado. Funda a Academia de
Letras de Ilhéus. Lança na revista Senhor, do Rio de
Janeiro, a novela "A morte e a morte de Quincas Berro Dágua";
a idéia inicial era que este texto, de 98 páginas datilografadas e
escrito em dois dias, integrasse o romance "Os pastores da
noite". Naquela mesma publicação sairia o conto "De
como o mulato Porciúncula descarregou o seu defunto".
Na
condição de vice-presidente da União Brasileira de
Escritores, Jorge Amado promove, com o então presidente Peregrino
Jr., o Festival do Escritor Brasileiro num shopping center de
Copacabana, em 1960. A data do evento, 25 de julho; acabaria sendo
consagrada, por decreto governamental, como "Dia do Escritor".
Ciceroneia o casal Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir em sua
estada no Brasil.
Por
unanimidade, é eleito, no dia 6 de abril de 1961, em primeiro
escrutínio, para a cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras, que
pertencia a Otávio Mangabeira. No mesmo mês estréia na Tv Tupi do
Rio de Janeiro a adaptação de "Gabriela" feita por
Antônio Bulhões de Carvalho e com direção de Maurício Sherman;
no papeltítulo da novela está Janete Vollu de Carvalho e no de
Nacib, Renato Consorte. A Metro Goldwin Mayer compra os direitos de
adaptação para o cinema de "Gabriela". Com o
dinheiro, Jorge adquire um terreno em Rio Vermelho,
então na periferia de Salvador, e começa a construir lá uma casa.
Anos depois, o escritor recompraria do estúdio americano os direitos
do romance. Ele assegura que não se lembra mais de nenhum dos
valores negociados com a Metro. A posse na ABL acontece no dia 17 de
julho; lá Jorge Amado é recepcionado por
Raimundo Magalhães Jr. Saí "Os velhos marinheiros",
livro que comporta as novelas "A morte e a morte de Quincas
Berro Dáguá" e "A completa verdade sobre as
discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão
de longo curso". É eleito membro do Conselho da Presidência
do Pen Club do Brasil. O presidente Juscelino Kubitschek convida-o
para ser embaixador do Brasil na República Árabe Unida; o escritor
recusa o convite. Homenagens no Rio, na Bahia e em outros estados por
seus 30 anos de atividade literária; sua editora, a Martins, lança
um livro alusivo à data. A revista francesa Les Temps Modernes
publica a tradução de "A morte e a morte de Quincas Berro
Dágua".
Seu
pai morre no Rio de Janeiro, aos 81 anos de idade, em 1962. Cria a
Proa Filmes, companhia de cinema cujo primeiro e único trabalho é a
adaptação de "Seara vermelha", com direção de
Alberto D'Avessa e estrelada por Marilda Alves; o filme estrearia no
ano seguinte. Saí, pela gráfica O Cruzeiro, o romance policial "O
Mistério dos MMM", escrito por Jorge Amado, Viriato Corrêa,
Dinah Silveira de Queiroz, Lúcio Cardoso, Herberto Sales, José
Condé, Guimarães Rosa, Antonio Callado, Orígenes Lessa e Rachel de
Queiroz. Viagem a Havana, a convite da União dos Escritores Cubanos.
"O
cavaleiro da esperança" é apreendido pela polícia, em
1963. Instalase na casa do bairro de Rio Vermelho (à Rua
Alagoinhas, 33), onde reside até falecer.
Lança
"Os pastores
da noite",
em 1964.
No
ano seguinte publica o conto "As mortes e o triunfo de
Rosalinda" na antologia "Os dez mandamentos",
da editora Civilização Brasileira, do Rio de Janeiro. Graças à
intervenção de Guilherme Figueiredo, então adido cultural do
Brasil na França, Jorge Amado e sua família recebem autorização
para poder entrar de novo naquele país. A Warner Brothers adquire os
direitos de filmagem de "A completa verdade sobre as
discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão
de longo curso".
Mais
de mil pessoas comparecem à primeira sessão de autógrafos de Jorge
Amado em Portugal, em 1966, na Sociedade Nacional de Belas Artes.
O escritor chega aos mil autógrafos no lançamento de "Dona
Flor e seus dois maridos" na livraria Civilização
Brasileira, em Salvador. O romance sai com tiragem de 75 mil
exemplares. Uma segunda sessão de autógrafos é marcada na capital
baiana para atender aos leitores que ficaram de fora da primeira.
Sem
título 1
Jorge Amado por Carlos Scliar, artista plástico gaúcho, 1947.
Jorge Amado por Carlos Scliar, artista plástico gaúcho, 1947.
A União Brasileira de Escritores, presidida por Peregrino Jr., apresenta em Estocolmo a candidatura formal de Jorge Amado ao Prêmio Nobel de Literatura, em 1967, embora o escritor a recuse. Durante duas horas e meia, Jorge depõe para o arquivo do Museu da Imagem e do Som, na presença de James Amado, do crítico Eduardo Portella e do romancista Antonio Olinto, dentre outros.
A
UBE insiste em apresentar novamente a candidatura de Jorge Amado
ao Nobel, em 1968. O escritor concorda, mas exige que ela seja feita
junto com a do romancista português Ferreira de Castro, seu amigo. O
cineasta polonês Roman Polanski visita o escritor na Bahia para
"agradecer a alegria que seus livros me proporcionaram na
juventude".
No
ano seguinte lança "Tenda dos milagres" (tiragem de
75 mil exemplares), livro que começou a escrever na casa de campo do
pintor baiano Genaro de Carvalho. Jorge dizia ter sido este seu
melhor romance.
Recebe
em São Paulo o Prêmio Juca Pato - 1970, da União Brasileira de
Escritores, como "Intelectual do Ano". Lidera, ao lado do
escritor gaúcho Érico Veríssimo, um movimento contra a censura
prévia aos livros. Estréia o filme "Capitães da areia",
produção americana dirigida por Hall Bartlett.
Seu
primeiro neto, Bruno, filho de João Jorge e Maria da Luz Celestino
nasce em Salvador, em 1971. Divide com Ferreira de Castro o Prêmio
Gulbenkian de Ficção, entregue na Academia do Mundo Latino, em
Paris. Faz conferência no Instituto de Letras da Universidade da
Pensilvânia.
Sua
mãe morre em Salvador, aos 88 anos de idade, em 1972. Nasce Mariana,
a primeira neta, filha de Paloma e Pedro Costa. Sai "Tereza
Batista cansada de guerra". A escola de samba Lins Imperial,
do Rio de Janeiro, apresenta o enredo "Bahia de Jorge Amado".
Numa viagem à Europa encontra, em Barcelona, o escritor colombiano
Gabriel García Márquez, futuro Nobel de Literatura (1982).
Nasce
Maria João, filha de João Jorge e Maria da Luz, em 1973. Fernando
Sabino dirige um documentário sobre Jorge Amado, "Na
casa do Rio Vermelho".
Inaugurado
em Salvador o Hotel Pelourinho, com registro em placa da época em
que o escritor morou naquele local, em 1974.
A
Martins, que havia pedido concordata no ano anterior, começa a
lançar livros de Jorge Amado em co-edição com a Record, do
Rio de Janeiro, em 1975. Marcel Camus leva para o cinema o romance
"Os pastores da noite", que é exibido na França
com o título de "Otalia da Bahia". Este é o ano
também da estréia do maior sucesso do escritor na TV: a adaptação
de Walter George Durst do romance "Gabriela, cravo e canela",
levada ao ar pela Rede Globo, com direção de Walter Avancini, Sônia
Braga no papel-título e Armando Bogus interpretando Nacib.
Com
o fechamento da Livraria Martins Editora, em 1976, Jorge passa
a ser autor exclusivo da Record. Nasce a neta Cecília, filha de
Paloma e Pedro Costa. Estréia no cinema "Dona Flor e seus
dois maridos", de Bruno Barreto, com Sônia Braga, José
Wilker e Mauro Mendonça. Após três meses de exibição o filme
bate recorde de bilheteria — dez milhões de espectadores. Na
Bahia, começa a escrever "Tieta do Agreste".
Participa da Feira Internacional do Livro de Frankfurt; que neste ano
é dedicada à literatura latino-americana. A pedido do filho João
Jorge e do amigo Carybé, que faz as ilustrações, publica "O
gato Malhado e a andorinha Sinhá".
No
ano seguinte, cercado de intensa campanha publicitária, é lançado
no Rio o romance "Tieta do Agreste", que Jorge
Amado concluíra em Londres. Também no Rio o autor, participa do
ato de inauguração da rua Tieta do Agreste, localizada no Recreio
dos Bandeirantes, zona sul da cidade. Recebe o título de sócio
benemérito do afoxé Filhos de Gandhi. Estréia "Tenda dos
milagres", filme de Nelson Pereira dos Santos. Interpreta um
dos apóstolos de Cristo na cena da "Última Ceia"
do filme A Idade da Terra, de Glauber Rocha. A casa onde o
escritor viveu em Ferradas é tombada pela Prefeitura de Itabuna.
Grava no Rio, para a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos,
trechos de seus romances "Os pastores da noite" e
"Tereza Batista cansada de guerra".
Em
1978, Glauber Rocha realiza documentário abordando a obra de Jorge
Amado. O escritor oficializa, no dia 13 de maio, sua união com
Zélia Gattai; a cerimônia acontece na casa do pintor Calasans Neto,
em Itapuã.
Sai
"Farda fardão camisola de dormir", em 1979. Estréia
na Broadway o musical Saravá, de Richard Nash e Mitch Leigh,
baseado em "Dona Flor e seus dois maridos". Escreve,
sob encomenda de um banco, para uma edição especial de fim de ano,
o conto "Do recente milagre dos pássaros acontecido em
terras de Alagoas, nas ribanceiras do rio São Francisco".
Lança em disco, pela Som Livre, uma versão do livro "Bahia
de Todos os Santos".
Nasce
João Jorge Filho, em 1980, outro neto que lhe é dado por João
Jorge e Maria da Luz. A revista Vogue Brasil dedica um número
a Jorge Amado, que escreve o texto "O menino
grapiúna", onde conta reminiscências da época em que
viveu na região cacaueira. Daí surgiu a idéia de "Tocaia
Grande", que falaria do nascimento e desenvolvimento de uma
cidade naquela área. Recebe o título de Doutor Honoris Causa da
Universidade Federal da Bahia. É condecorado como Grande Oficial da
Ordem de Santiago da Espada pelo presidente português Ramalho Eanes.
Participa, na condição de convidado especial, do programa
L'apostrophe, da televisão francesa, comandado por Bernard
Pivot.
"O
menino grapiúna" é lançado numa edição não-comercial,
em 1981. O jornal francês Le Matin publica o conto "Do
recente milagre dos pássaros acontecido em terras de Alagoas, nas
ribanceiras do rio São Francisco". "Terras do sem
fim" estréia na Tv Globo (adaptação de Walter George
Durst e direção de Herval Rossano); na trilha sonora, Jorge
Amado assina, com Dorival Caymmi, a música Cantiga de cego.
No centenário de Ilhéus, o escritor é homenageado com uma placa e
uma escultura de bronze numa rua que leva seu nome; uma outra rua
ganha o nome de seu pai. É entrevistado em Salvador pelo escritor
peruano Mario Vargas Llosa, que à época apresentava, nas noites de
domingo, um programa na TV de seu país.
O
autor passa a ser nome de rua em Itapuã, em 1982. É homenageado no
carnaval de Salvador pelo bloco Dengo da Bahia, que apresenta o
enredo Bahia de
Jorge Amado.
Começa a escrever "Bóris, o vermelho", que, por
diferentes motivos, seria seguidamente interrompido e acabou não
sendo concluído. Na primeira vez que adiou a redação de
"Bóris",
disse que foi "porque a idéia não estava bem amadurecida".
Jorge Amado
inicia "Tocaia
Grande". A
Caixa Econômica Federal lança seis milhões de bilhetes de loteria
com a efígie do escritor. Zélia Gattai publica Um
chapéu para viagem,
onde conta como conheceu Jorge.
Sai a edição comercial de "O
menino grapiúna".
Nasce
Jorge Amado Neto, filho de João Jorge com sua segunda mulher, Rízia
Vaz Coutrim, em 1983. Inaugurado em Ferradas um busto do escritor.
Estréia o filme "Gabriela", co-produção
BrasilItália dirigida por Bruno Barreto com Sônia Braga no
papel-título e o ator italiano Marcello Mastroianni interpretando
Nacib.
Em
1984, publica "Tocaia Grande" (com uma anunciada
tiragem inicial de 150 mil exemplares). Tenta retomar "Bóris,
o vermelho", mas o deixa de lado para escrever "A
guerra dos santos", título original do romance que se
chamaria "O sumiço da santa". O presidente francês,
François Mitterrand, outorga-lhe a comenda da Legião da Honra.
Lança "A bola e o goleiro", uma história infantil. Começa
a articular a criação da Fundação Casa de Jorge Amado. Zélia
publica Senhora dona do baile, onde fala do primeiro exílio
do escritor.
Toma
posse na Academia de Letras da Bahia (cadeira 21), em 1985. Recebe o
título de Grão-Mestre da Ordem do Rio Branco, no grau de Grande
Oficial, oferecido pelo governo brasileiro. Participa do Festival de
Cinema de Cannes. É homenageado pelo Centro Georges Pompidou, de
Paris, onde se realiza um debate sobre sua obra. Estréia na Rede
Globo a minissérie "Tenda dos milagres" (adaptação
de Aguinaldo Silva e Regina Braga e direção de Paulo Afonso
Grisolli, Maurício Farias e Ignácio Coqueiro; no papel de Pedro
Archanjo, Nelson Xavier).
Morre,
em 1986, aos 73 anos de idade, sua ex-esposa Matilde Mendonça Garcia
Rosa. Participa, como presidente do júri, do VIII Festival
Internacional do Novo Cinema Latino-Americano, em Cuba; na ocasião,
é homenageado por Fidel Castro. Decreto assinado pelo presidente
José Sarney no dia 2 de julho, data de aniversário de Zélia
Gattai, cria a Fundação Casa de Jorge Amado. Lança, pela Berlendis
& Vertecchia, de São Paulo, "O capeta Carybé",
sobre o artista plástico argentino, nascido Hector Julio Páride
Bernabó, seu amigo desde os anos 50, quando se instalou na Bahia.
Inaugurada,
no dia 7 de março de 1987, a Fundação Casa de Jorge Amado, que
passa a desenvolver intenso trabalho de preservação e divulgação
da obra do escritor. Na presidência da entidade está Germano
Tabacof e na diretoria executiva, Myriam Fraga. O símbolo da Casa é
um exu desenhado por Carybé, que já vinha aparecendo nas edições
dos livros de Jorge Amado. Segundo o escritor, exu é um deus dos
mais importantes nas religiões fetichistas; se elas admitissem a
existência do diabo, ele seria o diabo. Segundo as mães-de-santo,
"exu é uma divindade travessa, uma criança, que adora pregar
peças e, principalmente, não admite censura". Recebe o título
de Doutor Honoris Causa da Universidade Lumière, da cidade francesa
de Lyon. Lançamento da revista Exu, da Fundação Casa de Jorge
Amado; o número de estréia traz uma bibliografia do escritor e um
texto dele intitulado "O enterro do Yalorixá".
Zélia lança o livro Reportagem incompleta, que reúne fotos
que ela fez de Jorge Amado. O escritor recebe o título de
sócio honorário do Pen Club do Brasil. Lançado 0 filme "Jubiabá",
dirigido por Nelson Pereira dos Santos.
Zélia
Gattai publica, em 1988, Jardim de inverno, onde fala do
exílio na Tchecoslováquia em companhia de Jorge Amado. A
Orquestra Sinfônica da Bahia, sob regência do maestro Carlos Veiga,
apresenta uma peça do compositor paulista Francisco Mignone
inspirada em "A morte e a morte de Quincas Berro Dágua".
Publica "O sumiço da santa". Recebe em Brasília o
Prêmio Pablo Picasso, da Unesco, durante o Simpósio Internacional
de Escritores da América Latina e do Caribe. Inauguração, em
Ilhéus, da Casa de Cultura Jorge Amado.
A
escola de samba Império Serrano, do Rio de Janeiro, apresenta o
enredo "Jorge Amado - Axé, Brasil", em 1989. Recebe
o Prêmio Pablo Neruda, da Associação dos Escritores Soviéticos.
Estréia na Rede Globo a novela "Tieta", com
adaptação de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo
Linhares e direção de Paulo Ubiratan, Reynaldo Boury e Luiz
FernandoSem título 1 Carvalho; no papel-título, Bety Faria. Jorge
Amado é entrevistado no programa do escritor Georges Simenon na
TF1 (França). Escreve texto em favor da candidatura à Presidência
da República, pelo Partido Comunista Brasileiro, do deputado federal
Roberto Freire (PE). Estréia na Tv Bandeirantes a minissérie
"Capitães da areia", com adaptação de José
Louzeiro e Antonio Carlos Fontoura e direção de Walter Lima Jr.
Em
1990, participa, como representante do Brasil, da comissão
internacional que dará assessoria ao projeto de reconstrução da
antiga biblioteca de Alexandria, no Egito. Aberto em Recife o arquivo
do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) pernambucano, no
qual o prontuário de número 6.172 trata das atividades políticas
de Jorge Amado. Recebe o título de Doutor Honoris Causa da
Universidade de Israel e da Universidade Dagli Studi de Bari, Itália.
Na Itália recebe os prêmios Cino del Duca, concedido por um júri
presidido pelo escritor Maurice Druon, secretário-geral da Academia
Francesa. A Universidade Livre de Berlim realiza o seminário
"Cultura popular na obra de Jorge Amado".
Paralelamente
a "Bóris, o vermelho", escreve "Navegação
de cabotagem", relato memorialístico, em 1991. Recebe o
teatrólogo e novelista Dias Gomes na Academia Brasileira de Letras.
Escreve, sob encomenda, para uma empresa italiana, a história "A
descoberta da América pelos turcos", que deveria ser
incluída num livro ao lado de textos do americano Norman Mailer e do
mexicano Carlos Fuentes. Preside o 14° Festival Cultural de Asylah,
Marrocos, cujo tema é "Mestiçagem, o exemplo do Brasil".
Participa do Fórum Mundial das Artes em Veneza, Itália.
Estréia
na Rede Globo, em 1992, a minissérie "Tereza Batista"
(com adaptação de Vicente Sesso, direção de Paulo Afonso Grisolli
e Patrícia França no papel-título). Publica "Navegação
de cabotagem". Uma série de eventos comemora os 80 anos do
escritor. As principais homenagens, naturalmente, se concentram em
Salvador: shows no Pelourinho, debates, exposições. Para festejar a
data, a Fundação Casa de Jorge Amado publica o livro "Jorge
Amado: 80 anos de vida e obra", organizado por Maried
Carneiro e Rosane Canelas Rubim. Paloma Amado e Pedro Costa iniciam a
revisão completa da obra do escritor, a fim de eliminar erros
acumulados ao longo das sucessivas reedições de seus livros. É
homenageado no Centro Georges Pompidou com a exposição Jorge
Amado, écrivain de Bahia; no mesmo local participa do seminário
"Reencontro de dois mundos", realizado para comemorar o
quarto centenário do descobrimento da América.
Publica,
em 1994, no Brasil, "A descoberta da América pelos turcos"
(o projeto do livro com Mailer e Fuentes não vingara, mas o texto de
Jorge Amado já tinha saído em 1992 na França). "Gabriela,
cravo e canela" inaugura a série de relançamentos
revisados da obra do escritor.
Recebe,
dos governos brasileiro e português, o Prêmio Camões, em 1995.
Começa a escrever um romance provisoriamente intitulado "A
apostasia universal de Água Brusca", que focaliza a luta
pelo poder entre a igreja e os coronéis do sertão baiano. Recebe o
título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Pádua, Itália;
também na Itália é contemplado com o Prêmio Vitaliano Brancatti.
João Moreira Salles realiza o documentário "Jorge Amado".
Em
maio de 1996, o escritor sofre em Paris um edema pulmonar. Depois de
dez dias de internação, recebe alta e viaja para Salvador, onde em
julho comemora com os amigos os 80 anos de Zélia. Estréia "Tieta
do Agreste", filme de Cacá Diegues, que também assina o
roteiro,Sem título 1 ao lado de João Ubaldo Ribeiro e Antonio
Calmon. No papeltítulo, Sônia Braga. Em outubro, é submetido
a uma angioplastia. A operação mobiliza atenções do país inteiro
e é coroada de pleno êxito. Na saída do hospital o escritor
anuncia que retomará "brevemente" seus projetos
literários.
O
romance "Tieta do Agreste" é escolhido como tema do
carnaval de Salvador, em 1997. No domingo de folia, o bloco "Amigos
do Amado Jorge", liderado pelo cantor e compositor Caetano
Veloso, desfila em homenagem ao romancista, que assiste à festa ao
lado de Zélia Gattai no camarote da passarela da Praça do Campo
Grande. A editora Record lança "Milagre dos Pássaros",
livro com conto ainda inédito no Brasil.
No
Salão do Livro de Paris, em 1998, é uma das principais atrações e
recebe o título de Doutor Honoris Causa na Sorbonne. Estréia
na Rede Globo a mini-série "Dona Flor e seus dois maridos",
adaptação de Dias Gomes para o romance de mesmo nome.
Em
maio de 1999, é hospitalizado para fazer exames de rotina e tratar
de um mal-estar digestivo. Em junho, a Fundação Casa de Jorge
Amado lança o livro "Rua Alagoinhas 33, Rio Vermelho",
sobre a casa em que o autor vivia e sobre seu cotidiano.
Cada
vez mais recluso, face a seus problemas de saúde, comemora em agosto
de 2000, com poucos amigos e a família, seus 88 anos. Vivia
deprimido por se encontrar quase sem enxergar, sob dieta rigorosa,
privando-se do que muito gostava: de escrever, de ler um bom livro e
de um bom prato.
No
dia 21 de junho de 2001, Jorge Amado é internado com uma
crise de hiperglicemia e tem uma fibrilação cardíaca. Após alguns
dias, retorna à sua casa, porém, em 06 de agosto volta a se sentir
mal e falece na cidade de Salvador às 19,30 horas. A seu
pedido, seu corpo foi cremado e suas cinzas foram espalhadas em torno
de uma mangueira em sua residência no Rio Vermelho.
Leia
a linda crônica escrita por João
Ubaldo Ribeiro,
"Jorge
Amado e eu", onde nos fala da dor pela perda de seu grande
amigo e incentivador.
Bibliografia
Individuais
Romances:
- O País do Carnaval, 1931
- Cacau, 1933
- Suor, 1934
- Jubiabá, 1935
- Mar Morto, 1936
- Capitães da Areia, 1936
- Terras do Sem Fim, 1943
- São Jorge dos Ilhéus, 1944
- Seara Vermelha, 1946
- Os Subterrâneos da Liberdade (3v), 1954 (v. 1:Os Ásperos Tempos; v. 2: Agonia da Noite; v. 3: A Luz no Túnel)
- Gabriela, Cravo e Canela: crônica de uma cidade do interior, 1958
- Os Pastores da Noite, 1964
- Dona Flor e Seus Dois Maridos: esotérica e comovente história vivida por Dona Flor, emérita professora de Arte Culinária, e seus dois maridos — o primeiro, Vadinho de apelido; de nome Teodoro Madureira e farmacêutico o segundo ou A espantosa batalha entre o espírito e a matéria, 1966
- Tenda dos Milagres, 1969
ttt
- Teresa Batista Cansada da Guerra, 1972
- Tieta do Agreste: pastora de cabras ou A volta da filha pródiga, melodramático folhetim em cinco sensacionais episódios e comovente epílogo: emoção e suspense!, 1977
- Farda Fardão Camisola de Dormir:fábula para acender uma esperança, 1979
- Tocaia Grande: a face obscura, 1984
- O Sumiço da Santa: uma história de feitiçaria, 1988
- A Descoberta da América pelos Turcos ou De como o árabe Jamil Bichara, desbravador de florestas, de visita à cidade de Itabuna, para dar abasto ao corpo, ali lhe ofereceram fortuna e casamento ou ainda Os esponsais de Adma, 1994
- O Compadre de Ogum, 1995
Romances:
- O País do Carnaval, 1931
- Cacau, 1933
- Suor, 1934
- Jubiabá, 1935
- Mar Morto, 1936
- Capitães da Areia, 1936
- Terras do Sem Fim, 1943
- São Jorge dos Ilhéus, 1944
- Seara Vermelha, 1946
- Os Subterrâneos da Liberdade (3v), 1954 (v. 1:Os Ásperos Tempos; v. 2: Agonia da Noite; v. 3: A Luz no Túnel)
- Gabriela, Cravo e Canela: crônica de uma cidade do interior, 1958
- Os Pastores da Noite, 1964
- Dona Flor e Seus Dois Maridos: esotérica e comovente história vivida por Dona Flor, emérita professora de Arte Culinária, e seus dois maridos — o primeiro, Vadinho de apelido; de nome Teodoro Madureira e farmacêutico o segundo ou A espantosa batalha entre o espírito e a matéria, 1966
- Tenda dos Milagres, 1969
ttt
- Teresa Batista Cansada da Guerra, 1972
- Tieta do Agreste: pastora de cabras ou A volta da filha pródiga, melodramático folhetim em cinco sensacionais episódios e comovente epílogo: emoção e suspense!, 1977
- Farda Fardão Camisola de Dormir:fábula para acender uma esperança, 1979
- Tocaia Grande: a face obscura, 1984
- O Sumiço da Santa: uma história de feitiçaria, 1988
- A Descoberta da América pelos Turcos ou De como o árabe Jamil Bichara, desbravador de florestas, de visita à cidade de Itabuna, para dar abasto ao corpo, ali lhe ofereceram fortuna e casamento ou ainda Os esponsais de Adma, 1994
- O Compadre de Ogum, 1995
Novelas
-
A
Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua,
1959
- A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua (publicada juntamente com Os Velhos Marinheiros ou A completa verdade sobre as discutidas aventuras do Comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso, in Os velhos marinheiros, 1961
- Os Velhos Marinheiros ou A completa verdade sobre as discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso, 1976
- A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua (publicada juntamente com Os Velhos Marinheiros ou A completa verdade sobre as discutidas aventuras do Comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso, in Os velhos marinheiros, 1961
- Os Velhos Marinheiros ou A completa verdade sobre as discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso, 1976
Literatura
Infanto-Juvenil:
- O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá: uma história de amor, 1976
- A Bola e o Goleiro, 1984
- O Capeta Carybé, 1986
- O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá: uma história de amor, 1976
- A Bola e o Goleiro, 1984
- O Capeta Carybé, 1986
Poesia:
- A Estrada do Mar, 1938
- A Estrada do Mar, 1938
Teatro:
- O Amor do Soldado, 1947 (ainda com o título O Amor de Castro Alves), 1958
- O Amor do Soldado, 1947 (ainda com o título O Amor de Castro Alves), 1958
Contos:
- Sentimentalismo, 1931
- O homem da mulher e a mulher do homem, 1931
- História do carnaval, 1945
- As mortes e o triunfo de Rosalinda, 1965
- Do recente milagre dos pássaros acontecido em terras de Alagoas, nas ribanceiras do rio São Francisco, 1979
- O episódio de Siroca, 1982
- De como o mulato Porciúncula descarregou o seu defunto, 1989
- Sentimentalismo, 1931
- O homem da mulher e a mulher do homem, 1931
- História do carnaval, 1945
- As mortes e o triunfo de Rosalinda, 1965
- Do recente milagre dos pássaros acontecido em terras de Alagoas, nas ribanceiras do rio São Francisco, 1979
- O episódio de Siroca, 1982
- De como o mulato Porciúncula descarregou o seu defunto, 1989
Relatos
autobiográficos:
- O menino grapiúna, 1981
- Navegação de cabotagem: apontamentos para um livro de memórias que jamais escreverei, 1992
- O menino grapiúna, 1981
- Navegação de cabotagem: apontamentos para um livro de memórias que jamais escreverei, 1992
Textos
autobiográficos:
- ABC de Castro Alves, 1941
- O cavaleiro da esperança, 1945
- ABC de Castro Alves, 1941
- O cavaleiro da esperança, 1945
Guia/Viagens:
- Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e de mistérios, 1945
- O mundo da paz (viagens), 1951
- Bahia Boa Terra Bahia, 1967
- Bahia, 1970
- Terra Mágica da Bahia, 1984.
- Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e de mistérios, 1945
- O mundo da paz (viagens), 1951
- Bahia Boa Terra Bahia, 1967
- Bahia, 1970
- Terra Mágica da Bahia, 1984.
Documento
político/Oratória:
- Homens e coisas do Partido Comunista, 1946
- Discursos, 1993
- Homens e coisas do Partido Comunista, 1946
- Discursos, 1993
Livro
traduzido:
- Dona Bárbara (Doña Barbara), romance do venezuelano Rómulo Gallegos, 1934
- Dona Bárbara (Doña Barbara), romance do venezuelano Rómulo Gallegos, 1934
Em
parceria:
- Lenita (novela), com Edison Carneiro e Dias da Costa, 1929
- Descoberta do mundo (literatura infantil), com Matilde Garcia Rosa, 1933
- Brandão entre o mar e o amor, com José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz, 1942
- O mistério de MMM, com Viriato Corrêa, Dinah Silveira de Queiroz, Lúcio Cardoso, Herberto Sales, Rachel de Queiroz, José Condé, Guimarães Rosa, Antônio Callado e Orígines Lessa, 1962
- Lenita (novela), com Edison Carneiro e Dias da Costa, 1929
- Descoberta do mundo (literatura infantil), com Matilde Garcia Rosa, 1933
- Brandão entre o mar e o amor, com José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz, 1942
- O mistério de MMM, com Viriato Corrêa, Dinah Silveira de Queiroz, Lúcio Cardoso, Herberto Sales, Rachel de Queiroz, José Condé, Guimarães Rosa, Antônio Callado e Orígines Lessa, 1962
Publicações
no exterior:
Segundo a Fundação Casa de Jorge Amado, existem registros oficiais de traduções de obras do escritor para os seguintes idiomas: azerbaidjano, albanês, alemão, árabe, armênio, búlgaro, catalão, chinês, coreano, croata, dinamarquês, eslovaco, esloveno, espanhol, esperanto, estoniano, finlandês, francês, galego, georgiano, grego, guarani, hebraico, holandês, húngaro, iídiche, inglês, islandês, italiano, japonês, letão, lituano, macedônio, moldávio, mongol, norueguês, persa, polonês, romeno, russo, sérvio, sueco, tailandês, tcheco, turco, turcumênio, ucraniano e vietnamita (48 no total). Essas traduções foram publicadas no mínimo nos seguintes países: Albânia, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Armênia, Áustria, Azerbaidjão, Bulgária, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coréia do Norte, Coréia do Sul, Cuba, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Eslováquia, Estônia, Finlândia, França, Geórgia, Grécia, Holanda, Hungria, Inglaterra, Irã, Islândia, Israel, Itália, Iugoslávia, Japão, Letônia, Lituânia, México, Mongólia, Noruega, Paraguai, Polônia, Portugal, República Tcheca, Romênia, Rússia, Suécia, Tailândia, Turquia, Ucrânia, Uruguai, Venezuela e Vietnã; o Brasil também deve ser computado em função da edição nacional em esperanto, totalizando 52 nações.
Segundo a Fundação Casa de Jorge Amado, existem registros oficiais de traduções de obras do escritor para os seguintes idiomas: azerbaidjano, albanês, alemão, árabe, armênio, búlgaro, catalão, chinês, coreano, croata, dinamarquês, eslovaco, esloveno, espanhol, esperanto, estoniano, finlandês, francês, galego, georgiano, grego, guarani, hebraico, holandês, húngaro, iídiche, inglês, islandês, italiano, japonês, letão, lituano, macedônio, moldávio, mongol, norueguês, persa, polonês, romeno, russo, sérvio, sueco, tailandês, tcheco, turco, turcumênio, ucraniano e vietnamita (48 no total). Essas traduções foram publicadas no mínimo nos seguintes países: Albânia, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Armênia, Áustria, Azerbaidjão, Bulgária, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coréia do Norte, Coréia do Sul, Cuba, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Eslováquia, Estônia, Finlândia, França, Geórgia, Grécia, Holanda, Hungria, Inglaterra, Irã, Islândia, Israel, Itália, Iugoslávia, Japão, Letônia, Lituânia, México, Mongólia, Noruega, Paraguai, Polônia, Portugal, República Tcheca, Romênia, Rússia, Suécia, Tailândia, Turquia, Ucrânia, Uruguai, Venezuela e Vietnã; o Brasil também deve ser computado em função da edição nacional em esperanto, totalizando 52 nações.
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